TEORIAS FONOLÓGICAS E AQUISIÇÃO FONOLÓGICA

(PHONOLOGICAL THEORIES AND PHONOLOGICAL ACQUISITION)

 

Carmen L. MATZENAUER-HERNANDORENA (Universidade Católica de Pelotas)

 

 

ABSTRACT: Studies on normal acquisition and phonological disorders have been done according to different phonological theories: initially, Generative Standard Theory and Natural Phonology; in the 90s, with non-linear theoretical models, and recently with Optimality Theory. This is the evolution in the analysis of the phenomena referring to the phonological acquisition of language.

 

KEYWORDS: phonological acquisition; phonological theories

 

 

O processo de aquisição da fonologia da língua pela criança não costuma passar despercebido às pessoas em geral. É comum os adultos evidenciarem essa percepção do processo em seu próprio output lingüístico quando, ao se dirigirem à criança, reprisam alguns aspectos do sistema infantil. São freqüentes enunciados como os que aparecem em (1) constituírem diálogos de adultos para crianças pequenas:

 

 

(1)     O nenê [‘gta] do [pa’patu]? O [pa’patu] é [‘g«ândZi]? Não [a’pEta] o pé do nenê? Não faz o nenê [so’la]?

 

 

Ao apagar coda silábica (‘gosta’ [‘gta], ‘aperta’ [a’pEta]), desfazer encontro consonantal (‘grande’ [‘g«ândZi]), ao promover assimilação de segmentos consonantais (‘sapato’ [pa’patu]), ao empregar a fricativa coronal [s] em lugar de [S] e a líquida [l] em lugar de [r] (‘chorar’ [so’la]),  o adulto está, efetivamente, apresentando fatos lingüísticos que caracterizam etapas do desenvolvimento fonológico evidenciado pelas crianças. Mas, se a percepção do fenômeno está ao alcance de qualquer ouvido apurado, a possibilidade de sua descrição e, especialmente, de sua análise está apenas ao alcance de alguns: de profissionais que conheçam teoria lingüística, que conheçam teoria fonológica. O dado lingüístico é um fenômeno empírico como outro qualquer e pouca representatividade tem para qualquer pessoa que não seja estudioso do campo de conhecimento específico. Para o simples usuário da linguagem, o dado lingüístico não se revela, ou seja, a sua essência, a realidade de seu funcionamento só podem ser vistas por quem conhece teoria lingüística: a teoria são os sentidos do lingüista.

Ao tratar de aquisição da fonologia, o lingüista tem de lidar com modelos teóricos de duas áreas: teorias relativas à aquisição da linguagem e teorias fonológicas. O foco do presente texto será a relação entre o processo de aquisição da fonologia e teorias fonológicas.

Nos últimos anos a ciência lingüística mostrou-se pródiga na apresentação de modelos teóricos. No campo da fonologia, muitos têm sido os modelos propostos desde a Fonologia Gerativa Clássica, de Chomsky & Halle (1968), até os dias de hoje, com a Teoria da Otimidade, de Prince & Smolensky (1993), e, embora as teorias visem à descrição e à análise das línguas em seu funcionamento real, nas comunidades que as utilizam, os pesquisadores sempre questionam sua pertinência para a explicação de fatos relativos aos domínios da aquisição da linguagem, dos desvios lingüísticos e da mudança histórica.

É com esse mesmo questionamento que os investigadores sobre aquisição da fonologia das línguas relacionam dados empíricos e modelos teóricos e, indo além, muitas vezes buscam saber que contribuição o funcionamento da língua, em seu processo aquisicional, pode trazer à testagem e ao incremento de princípios teóricos. A análise proposta aqui está direcionada à apresentação de considerações sobre as contribuições que diferentes modelos da teoria fonológica são capazes de dar aos estudos sobre aquisição da fonologia.

A primeira grande vantagem da descrição dos dados de aquisição com base em teorias fonológicas foi a de tornar evidente a natureza sistemática do processo desenvolvimental, mostrando a gramática (ou as gramáticas) que a criança constrói até alcançar o sistema-alvo.  

No Brasil, os primeiros olhares sobre os dados de aquisição da fonologia foram direcionados com base em princípios da Teoria da Fonologia Natural (por exemplo: Teixeira, 1985; Yavas, 1985; Lamprecht, 1986, 1990) e da Fonologia Gerativa Clássica (por exemplo: Matzenauer-Hernandorena, 1988, 1990).

A sistematicidade da aquisição da fonologia da língua era mostrada, pela Teoria da Fonologia Natural, com base na noção de processo fonológico como operação mental que a criança “aplica à fala para substituir, em lugar de uma classe de sons ou seqüência de sons que apresentam uma dificuldade específica comum para a capacidade de fala do indivíduo, uma classe alternativa idêntica em todos os outros sentidos, porém desprovida da propriedade difícil” (Stampe, 1973:1). Com esse entendimento, as realizações em (1) – aqui postas como output de um adulto, mas que poderiam ter sido produzidas por uma criança – seriam explicadas como decorrentes da aplicação dos seguintes processos fonológicos inatos, os quais englobariam todas produções lingüísticas da mesma natureza, como aparece em (2) (Grunwell, 1985).

 

 

(2)

PROCESSOS DE ESTRUTURA SILÁBICA

A) Redução de encontro consonantal – ‘grande’ [‘g«ândZi]

                                                               ‘braço’[‘basu],‘planta’[‘p«ânta]

B) Apagamento de consoante final – ‘gosta’ [‘gta], ‘aperta’ [a’pEta]

                                                           ‘lapis’ [‘lapi], ‘disco’ [‘dZiku], ‘carta’ [‘kata],

 

PROCESSOS DE SUBSTITUIÇÃO

A) Anteriorização – ‘chorar’ [so’la]

                                 ‘chapéu’ [sa’pEw], ‘sacola’ [fa‘kla], ‘macaco’  [ma’tatu]

B) Substituição de líquida – ‘chorar’ [so’la]

                                             ‘cadeira’  [ka’dela], ‘carro’ [‘kalu], ‘trator’ [ta’tol]

                                             ‘espelho’ [is’pelu], ‘cabelo’ [ka’beru]

C) Assimilação – ‘sapato’ [pa’patu]

                             ‘copo’ [‘ppu], ‘papagaio’ [paka’gaju], ‘pipoca’  [pi’kka]

 

 

Preocupada com o processo aplicado pela criança, a Teoria da Fonologia Natural era capaz de estabelecer generalizações importantes (como, por exemplo, apontar que as formas ‘gosta’ [‘gta] e ‘aperta’ [a’pEta] não mostram problema da criança especificamente com as consoantes [s] ou [r], mas com a coda silábica). Essas generalizações eram capazes de evidenciar o sistema infantil em cada etapa de seu desenvolvimento, bem como podiam mostrar o funcionamento da gramática de uma criança com desvio fonológico.

No entanto, essa abordagem teórica podia estabelecer também generalizações excessivamente amplas, categorizando, no mesmo processo, ‘substituições’ de segmentos que, observada a sua realidade componencial a partir de traços distintivos, não funcionam, na fonologia da criança, como parte da mesma classe natural (como, por exemplo, ao categorizar no mesmo processo de anteriorização tanto a realização [sa’pEw] para ‘chapéu’, como a realização [ma’tatu] para ‘macaco’, ou, também, categorizar no mesmo processo de substituição de líquida as realizações [ka’dela] para ‘cadeira’, [‘kalu] para ‘carro’, [is’pelu] para ‘espelho’, por exemplo).

As análises propostas com base na Teoria Gerativa Clássica, por trabalharem com a unidade traço fonológico, carregam a vantagem de superar o problema da supergeneralização apresentada pela Teoria da Fonologia Natural. Ao se retomarem as substituições acima referidas, essas passam a ser vistas como problema no funcionamento fonológico de um ou mais traços distintivos, como se vê em (3): em (3 a) há problema com o traço [– anterior], em (3 b) há problema com os traços                 [– anterior], [+ posterior], [– coronal] e em (3 c) há problema com o traço [– anterior].

 

 

(3)    a)    ‘chapéu’ [sa’pEw]             [S] à [s]                

b)       ‘macaco’  [ma’tatu]          [k] à [t]  

        c)    ‘espelho’ [is’pelu]             [´] à [l]   

           

Com base no modelo Gerativo Clássico, portanto, (3 a) e (3 b) não são mais englobados no mesmo processo de anteriorização: no exemplo ‘chapéu’ realizado como [sa’pEw], o emprego de [s] por [S] evidencia um problema com o uso do traço [–anterior]; em ‘macaco’ realizado como [ma’tatu], o emprego de [t] por [k] evidencia um problema com os traços [–anterior], [+posterior], [–coronal]. Já em ‘espelho’ realizado como [is’pelu] o emprego de [l] por [´] evidencia um problema com o uso do traço [–anterior], não sendo mais categorizado sob a denominação genérica de substituição de líquida.

A vantagem de se analisarem os dados com base em traços fonológicos está na possibilidade da determinação não só da gramática apresentada pela criança em cada etapa desenvolvimental, mas também da explicitação das classes naturais que funcionam nessa gramática.

Seguindo os modelos gerativos não-lineares, especialmente a Fonologia Autossegmental, em que os traços fonológicos são autossegmentos que podem funcionar de forma independente ou solidária, a aquisição fonológica pôde passar a vista como um processo gradual de ligação dos traços que constituem os segmentos que integram fonologia da língua, seguindo a direção do não-marcado para o marcado. Com esse entendimento, só é categorizada como substituição a troca de um segmento por outro que já integre o sistema da criança: o emprego de um segmento por outro que não pertença à fonologia da criança indica a não ligação, ou seja, a não especificação fonológica de determinado traço na estrutura interna que caracteriza certo segmento ou certa classe de segmentos (Matzenauer-Hernandorena, 2001). Nesse sentido, as ocorrências apresentadas em (3) com base na Fonologia Gerativa Clássica, passam a ser vistas como em (4), seguindo a geometria de traços proposta por Clements & Hume (1995).

 

 

(4)     ‘chapéu’ [sa’pEw]   à    o emprego de [s] por  [S]   ---- problema de especificação do traço [± anterior]

           ‘macaco’ [ma’tatu]   à o emprego de [t] por  [k] ---- problema de especificação do traço [dorsal]

           ‘espelho’ [is’pelu]  à  o emprego de [l] por  [´] ---- problema de especificação do nó vocálico integrante do segmento [´], uma vez que o modelo permite que esse segmento seja interpretado como uma consoante complexa, com uma articulação primária consonantal e uma articulação secundária vocálica.

 

 

Embora os modelos gerativos aqui referidos tenham a vantagem de vencer o problema da supergeneralização apresentada pela Teoria da Fonologia Natural, ao mesmo tempo em que também são capazes de caracterizar algumas generalizações determinantes do sistema fonológico em desenvolvimento, como a identificação clara de segmentos que funcionam como classes naturais, continuam a centrar-se em processos e, com esse embasamento, são propostas derivacionais, que entendem ser o processamento lingüístico de natureza serial. As gramáticas derivacionais entendem ser a relação input/output mediada por uma série de regras ou processos – isso quer dizer que tem de haver, entre a representação lexical e a representação de superfície, uma ou mais representações intermediárias e que cada uma delas se constitui, como diz Kager (1999), em uma miniatura do mapeamento input/output, uma vez que cada output serve de input para outra regra, desde que sejam satisfeitas as condições de sua descrição estrutural. Com esse funcionamento, as regras/processos produzem seus próprios outputs automaticamente, sendo completamente cegos com relação a eles; na verdade, cada regra é cega tanto ao output que ela deriva, bem como ao output que se manifesta foneticamente.

Há, no entanto, estudos atuais que defendem que o processamento lingüístico se dá em paralelo e que é guiado pelo output, em lugar de ser cego a ele. Em sendo essa a realidade, os modelos teóricos anteriores não mais estariam descrevendo a realidade do funcionamento da língua, nem do processo de aquisição da fonologia.

A Teoria da Otimidade (TO) atribui importância crucial ao nível do output e o faz estabelecendo a relação input/output de maneira diferente das anteriores. Como os outros modelos lingüísticos, a TO propõe a existência de um input e de um output e de uma relação entre os dois. Nessa abordagem, uma inovação fundamental é que essa relação input/output é mediada por dois mecanismos formais – GEN (GERADOR), que cria uma série de potenciais candidatos a output, e EVAL (AVALIAÇÃO), que usa uma hierarquia de restrições para avaliar o candidato ótimo (o melhor output) dentre os candidatos produzidos por GEN. As restrições são requisitos estruturais que podem ser satisfeitos ou violados por uma forma de output (uma forma que atende ao requisito estrutural, satisfaz a restrição; se não atende a ele, viola a restrição). As restrições são sempre ordenadas, hierarquizadas; é a hierarquia de restrições que resolve qualquer conflito entre diferentes outputs possíveis.

 Segundo a TO, as restrições, que são violáveis, representam as propriedades universais da linguagem e estão contidas na Gramática Universal (GU).  Como essas restrições têm de ser hierarquizadas, de acordo com esse modelo, a gramática de cada língua caracteriza-se pela ordenação particular das restrições universais; assim, a diferença entre as línguas está na diferença da hierarquização dessas restrições universais e a aquisição de uma língua constitui-se no processo de aquisição da hierarquia de restrições que caracteriza aquele sistema em particular. 

Como esse modelo teórico usa o mecanismo de avaliação dos candidatos a output para chegar ao output ótimo, faz o que outras teorias não fazem: estabelece relação entre os outputs possíveis.

A TO reconhece dois tipos de restrições: restrições de fidelidade e restrições de marcação; enquanto as primeiras exigem que os outputs contenham as propriedades presentes nas formas lexicais (inputs), as segundas exigem que os outputs atendam a critérios de boa formação estrutural.

Com esse encaminhamento a TO explicaria com adequação o emprego de um segmento em lugar de outro, exemplificado em (3). Nessas ocorrências entrariam em jogo restrições de marcação relativas a traços distintivos, já apresentadas por Prince & Smolensky (1993: 178 e segs.), quando, ao discutirem inventários de segmentos em línguas naturais, estabelecem escalas de harmonia – as quais embasam hierarquias de restrições – relativas a ponto de articulação e a tipos de segmentos. Com respeito ao ponto de articulação, a escala de harmonia universal apresenta o ponto coronal como não-marcado, o que permite chegar-se às relações de dominância expressas em (5), as quais refletem a marcação relativa das especificações de traços de ponto de articulação, bem como de tipos de segmentos (aqui especificamente de consoantes): são hierarquias que militam contra determinados pontos de articulação e determinado tipo de segmento consonantal. Cabe referir também, com relação ao ponto de articulação consonantal, que, segundo McCarthy (1999), a Gramática Universal (GU) contém uma hierarquia em que *[coronal, –anterior] domina *[coronal, +anterior].

(5)

(5 a)    *PL/dorsal  >>  *PL/labial  >>  *PL/coronal

(5 b)    *CompSeg  >>  *SimpSeg

(5 c)    *[coronal, –anterior]  >>  *[coronal, +anterior]

 

 

                A fim de apenas exemplificar-se o funcionamento da teoria, retomam-se aqui as formas mostradas em (3). Nesta exemplificação, utilizam-se somente as restrições de marcação referidas em (5), sem referir restrições de fidelidade. As escolhas dos outputs [ma’tatu] para ‘macaco’, [sa’pEw]  para ‘chapéu’  e [is’pelu] para ‘espelho’ são determinadas pelas hierarquias de restrições expressas nos tableaux seguintes – os outputs escolhidos são as formas que violam a(s) restrição(ões) mais baixa(s) na hierarquia.

O emprego de [t] por [k] na forma [ma’tatu] para ‘macaco’ evidencia um ordenamento em que uma restrição que  proíba o ponto dorsal domine a proibição do ponto coronal, como em (5a); essa relação de dominância, que funciona em uma etapa do processo de aquisição da fonologia, explica a forma fonética acima exposta e está representada no tableau em (6).

 

 

(6)

 

     /makako/

*PL/dorsal 

*PL/labial 

*PL/coronal

      a) ma.ka.ku

         *  *

       *

       

 F b)  ma.ta.tu

 

       *

        *

c)  ma.pa.pu

 

      * * *

 

 

 

 O emprego de [l] por [´] na forma [is’pelu] para ‘espelho’ evidencia um ordenamento em que a restrição que proíba segmentos complexos seja dominante, como a hierarquia em (5 b); essa relação de dominância, que funciona em uma etapa do processo de aquisição da fonologia, explica a forma fonética acima exposta e está representada no tableau em (7).

 

 

(7)

 

     /ispe´o/

*CompSeg 

*SimpSeg

      a) is.pe. ´u

         *

        *  *

 F b)  is.pe.lu

 

        *  *  *

 

 

O emprego de [s] por [S] na forma [sa’pEw] para ‘chapéu’ evidencia um ordenamento em que a restrição que proíba a coocorrência de traços [coronal, –anterior] domine a coocorrência [coronal, +anterior], conforme expressa a hierarquia em (5 c); essa relação de dominância, que funciona em uma etapa do processo de aquisição da fonologia, explica a forma fonética acima exposta e está representada no tableau em (8).

 

 

(8)

 

     /SapEw/

*[coronal, –anterior] 

*[coronal, +anterior]

      a) Sa. pEw

             *

       

 F b)  sa. pEw

 

               *

 

 

Seguindo-se, entre outros pesquisadores atuais, Tesar & Smolensky (1986), Kager (1999) e McCarthy (1999),  a TO, além de ter a vantagem de registrar o foco no output lingüístico, parece poder dar conta de fatos fonológicos, bem como do próprio processo de aquisição da fonologia, com adequação.

  Muitos estudos sobre aquisição fonológica têm sido feitos no Brasil com diferentes embasamentos teóricos que merecem destaque especial – são exemplos os estudos de Abaurre (1999, 2001) e de Scarpa (1999). Merece destaque o trabalho de Albano (1999, 2001) com base na Fonologia Articulatória, trazendo contribuição ímpar ao aliar fonética e fonologia na explicação de fenômenos fonológicos. No Rio Grande do Sul, numerosas têm sido as pesquisas sobre o processo de aquisição da fonologia, tanto normal como com desvios, com diferentes bases teóricas (por exemplo: Lamprecht, 1990, 2001; Matzenauer-Hernandorena, 1990, 2000, 2001; Miranda, 1996; Mota, 1996; Azambuja, 1998; Rangel,1998; Keske-Soares, 2000; Bonilha, 2000), inclusive apresentando análises sobre sistemas de crianças com desvios fonológicos, além de propostas de terapia, para desvios de fala, com base fonológica.

O importante, nessa área, é entender-se que, se novas teorias lingüísticas são propostas na busca de maior poder explicativo, o pesquisador da aquisição da linguagem tem de conhecê-las a fim de testar também sua pertinência e poder explicativo relativamente ao fenômeno que é seu objeto de estudo: a probabilidade é de que haja contribuições no sentido de que, no mínimo, se passe a observar o dado lingüístico sob um novo enfoque, o que pode indicar um avanço, pois implica a abertura de um novo caminho.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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TESAR,Bruce & SMOLENSKY,Paul. Learnability in Optimality Theory. 1996 [ROA-156, http://ruccs.rutgers.edu/roa.html]

 

 

RESUMO: Estudos sobre a aquisição considerada normal e sobre desvios fonológicos têm sido realizados à luz de diferentes teorias fonológicas: sob o prisma da Teoria Gerativa Padrão e da Teoria da Fonologia Natural; nos anos  90, com fundamento em modelos não-lineares e,  recentemente, com base na Teoria da Otimidade.Essa  é a evolução na análise de fenômenos relativos à aquisição da fonologia da língua.

 

PALAVRAS-CHAVE: aquisição fonológica; teorias fonológicas