Obra: A voz do povo: uma longa história de discriminações
Autoria: Carlos Piovezani
Editora: Vozes
Ano de publicação: 2020
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Apresentação:

A voz do povo sempre foi alvo de inúmeros preconceitos. Porque se trata de um fato social e histórico, essa constância possui gêneses diversas, mas também envolve consideráveis modificações. O objetivo da obra consiste em examinar e compreender a formação e as metamorfoses dessa longa história de discriminações sofridas pelas práticas de fala e de escuta desempenhadas pelos membros das classes populares. Para alcançar esse objetivo, dividimos nossas reflexões e análises em 3 (três) capítulos. No primeiro, Ouvir a voz do povo, desenvolvemos a ideia de que há uma história política dos sentidos e de que, por extensão, a escuta é uma construção histórica, em que estão implicados fatores sociais e políticos, culturais e afetivos. Nesse sentido, sustentamos a tese de que os contextos particularmente marcados por desigualdades sociais estão mais propensos a desdenhar e a marginalizar as manifestações populares, seus meios de expressão e sua capacidade de interpretação, principalmente quando seu desempenho ocorre no espaço público. Em seguida, no segundo capítulo, Breve genealogia da voz e da escuta populares, empreendemos uma história dos discursos sobre a fala pública popular e sobre a escuta popular da fala pública, mediante a qual demonstramos, por um lado, a existência de uma sólida e extensa conservação dessas discriminações e, por outro, o surgimento tardio, ambivalente e escasso, mas também relativamente crescente de legitimidades investidas nas práticas populares de linguagem. Na esteira dessa genealogia, no terceiro capítulo, Retratos de um porta-voz popular na mídia brasileira, examinamos uma amostra do que se diz a propósito da oratória popular no Brasil contemporâneo, observando as representações que muitos veículos de nossa imprensa tradicional fazem dos pronunciamentos públicos do ex-presidente Lula. Encerramos o livro com a indicação do potencial libertário contido no que chamamos de metalinguagem da emancipação popular. Essa metalinguagem emerge em falas de sujeitos das classes populares que tratam justamente das falas que os tomam como objeto ou que lhes são dirigidas. Por seu intermédio, tanto se reivindica a legitimidade constantemente negada à voz do povo quanto se desconstrói a ideia segundo a qual há falas e escutas essencial e definitivamente melhores do que outras. Em suma, essa metalinguagem é fundamental para a suspensão dos estigmas imputados à fala e à escuta populares, por meio dos quais distintos poderes opressores tentam tapar os ouvidos e fechar as bocas daqueles a quem não querem ouvir e nem tampouco pretendem deixar falar.


 

 

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