Mesa Redonda
Avanços na Sociolinguística

Debatedora: Anna Christina Bentes (UNICAMP)

 

Cláudia Regina Brescancini (PUC-RS)

A Sociolinguística Aplicada à Perícia Forense de Comparação de Locutor: construção de um método

A tarefa de Comparação de Locutor (CL), majoritariamente conduzida na perícia forense brasileira, considera como elementos técnico-comparativos (ETCs) aspectos anatomofisiológicos, discursivos, lexicais, morfossintáticos/sintáticos, morfofonológicos e sociofonéticos da fala. Importa a esse exame a avaliação sobretudo da condição de tipicidade do ETC, ou seja, do quanto o corpo probatório é frequente ou raro na população. Considerando que ainda não há na perícia de CL um método consensual para a análise da tipicidade dos ETCs, este estudo tem por objetivo propor uma metodologia para tal fim a partir da consideração de variáveis sociolinguísticas de cunho fonético, morfofonológico e morfossintático do Português Brasileiro. Entende-se que a proposta de um modelo dessa natureza atenda às expectativas de aplicação da Sociolinguística à solução de problemas da sociedade ao contribuir não apenas para a operacionalização eficiente da CL no Brasil, mas também para o desenvolvimento de sistemas automáticos de reconhecimento de voz/fala.

 

Ronald Beline Mendes (USP)

Uma nova sociolinguística?

Desde o advento da chamada “terceira onda” da sociolinguística (Eckert 2012), muito se tem discutido sobre se se trata de uma nova teoria sobre as relações entre fatos sociais e fatos linguísticos (e.g. Lacerda, Gorski e Paza 2023) ou de um ajuste de foco sobre o que é ou deveria ser mais central na abordagem dessas interrelações: a significação social da variação linguística. Esta apresentação discute dados e desenvolvimentos teóricos em favor da segunda dessas posições. A teoria da indicialidade — relativamente recente na sociolinguística (Eckert 2008) — não estabelece um novo objeto científico, diferente daquele preconizado por Labov (1966), mas sim um direcionamento regido pelo pressuposto de que a associação entre formas linguísticas e significados sociais é instável e subespecificada, bem como pela proposição de que desvendar correlações entre categorias sociais amplas e empregos de formas linguísticas nem sempre é o melhor método para acessar a significação social da variação.