Mesa Redonda
Avanços no Funcionalismo

Debatedor: TBD

 

Marize Mattos Dall'Aglio-Hattnher (UNESP)

Desenvolvimentos recentes da Gramática Discursivo Funcional

Uma abordagem funcional da linguagem, qualquer que seja ela, deve considerar não apenas os recursos lexicais, morfossintáticos e semânticos permitidos pelo sistema da língua, mas também os modos como esses recursos são empregados no ato de comunicação. Obedecendo a esse princípio, a GDF configura-se como uma abordagem pragmaticamente orientada; e seu modelo de análise parte da intenção comunicativa para a articulação das expressões linguísticas, tendo o ato discursivo como unidade básica. O objetivo desta apresentação é discutir os princípios norteadores da GDF e analisar sua aplicabilidade para a descrição de línguas individuais e para a comparação entre línguas em trabalhos tipológicos, destacando os avanços recentes incorporados ao modelo que resultaram especialmente da aplicação e testagem das predições da teoria em relação às relações hierárquicas entre as categorias qualificacionais de tempo, aspecto, modalidade e evidencialidade. 

 

Taísa Peres de Oliveira (UFMS)

Gramática de construções, rede e mudança linguística

Nas últimas décadas, a literatura sobre mudança linguística viu surgir uma nova tendência de análise: aquela que considera a língua como uma rede dinâmica e complexa de construções interconectadas, que expandem ou retraem orientadas pela experiência linguística e por princípios cognitivos, chamada Gramática de Construções Diacrônica. A partir dessa guinada, os estudos de mudança linguística passam então a considerar não apenas como novas construções emergem, mas também qual o papel das conexões entre construções no processo de mudança linguística e como novas conexões surgem na rede construcional de uma língua. Nesse contexto, o objetivo é discutir os princípios gerais da Gramática de Construções Diacrônica e suas vantagens e desafios para o tratamento da mudança linguística. Nesta fala, repensa-se o conceito de mudança por expansão e por redução, e a noção amplamente difundida da unidirecionalidade da mudança linguística, agora tratados numa perspectiva da rede construcional. Para tanto, discute-se o papel da "ativação expandida", conceito que permite acionar (quase) simultaneamente construções conceitualmente ligadas num mesmo evento de uso e que explica como construções interconectadas possibilitam vincular instâncias da experiência linguística a tipos já armazenados na rede.