Mesa Redonda
Como e por que publicar?

 

Raquel Freitag (UFS/Revista da ABRALIN)

Publique ou pereça: os bastidores da publicação científica

O modelo de pós-graduação e pesquisa em curso no Brasil se assenta na premissa de que a quantidade leva à qualidade. No entanto, o modo distorcido como este modelo tem sido implementado tem levado a uma crise de produtivismo, que tem impactos no sistema de avaliação da publicação e na saúde mental das pessoas envolvidas neste sistema. O ponto não é deixar de publicar; o ponto é selecionar o que publicar em que lugar e em que momento. Alternativas como a revisão aberta e o compartilhamento de pre-prints podem colaborar com a premissa de elevar a qualidade pela quantidade sem gerar a sobrecarga no sistema de avaliação. A publicação autofinanciada de livros também tem gerado mudanças nas hegemonias epistemológicas, com maior visibilidade e inserção de cientistas de fora dos grandes centros. Para além da publicação, para a consolidação da qualidade, as formas de difusão e impacto (citação, altimetrias) precisam também ser impulsionadas. Nesta exposição, apresento experiências de como jovens pesquisadores da área dos estudos linguísticos podem lidar com essas demandas atualmente.


 

Janayna Carvalho (UFMG/Relin)

Rejeição ou inovação: uma discussão a partir de características de manuscritos rejeitados

Nesta fala, discutiremos os casos mais comuns de rejeição a artigos, levando em conta duas grandes modalidades: as rejeições pelos editores, que se pautam, majoritariamente, por questões éticas, formais e de pertinência do estudo ao escopo da revista, e as rejeições pelos pareceristas, ligadas primordialmente a questões de conteúdo, macroestrutura e argumentação. Mostraremos os fatores mais frequentes nesses dois tipos de rejeição, os casos de intersecção entre essas modalidades, bem como casos polêmicos, ou seja, aqueles em que há desacordo entre pareceristas, entre editores ou entre membros dos dois grupos sobre as rejeições. Além de um mapeamento dos casos mais comuns das duas modalidades de rejeição, que pode servir de guia para as submissões futuras dos espectadores,  características dos desacordos sobre as rejeições indicam que alguns manuscritos espelham debates atuais sobre a natureza das publicações científicas e esses desacordos estão, portanto, ligados a diferentes posições dos pareceristas e/ou editores em debates atuais, mas  muitas vezes implícitos, sobre a produção acadêmica.


Marcelo Módolo (USP/Revista do GEL)

Estudos Linguísticos e Revista do GEL: percursos editoriais

Para determinar a qualidade de um artigo ou de uma publicação científica existem indicadores nacionais e internacionais que apontam quais critérios importam e quais devem ser atendidos. Tais indicadores são fruto da explosão informacional e da rapidez com que o conhecimento se propaga no mundo digital, tornando a quantidade de publicações que produzimos uma moeda de troca com benefícios que, agregados à mercantilização da produção científica, impactam a forma como nossas pesquisas são praticadas. Nesta exposição apresento minha experiência como editor das duas revistas do Grupo de Estudos Linguísticos do Estado de São Paulo, a Estudos Linguísticos e a Revista do GEL, e o caminho que fizemos para consolidá-las como A2. Focaremos nas boas práticas de avaliação científica que utilizamos, nas orientações a respeito de publicação científica propostas pela CAPES e nos papéis dos principais atores envolvidos nesse processo. Para além do cenário produtivista que permeia o conhecimento científico contemporâneo, propomos apresentar como o trabalho intelectual e como o respeito à produção acadêmica devem ser os elementos centrais de um bom periódico científico.