Mesa Redonda
Libras e línguas de sinais emergentes 

Debatedora: Angélica Terezinha Carmo Rodrigues (UNESP)

 

Anderson Almeida da Silva (UFPE)

Contribuições de línguas de sinais emergentes para o debate de emergência de línguas

Línguas de Sinais Emergentes (LSEs) são sistemas de comunicação manual originados em comunidades surdas, oferecendo uma visão única da emergência linguística. As LSEs surgem em locais isolados, livres de influências externas, sendo consideradas 'experimentos proibidos’ (Shattuck, 1980). Este estudo, baseado na LSE CENA, em Piauí, explora fenômenos linguísticos visando contribuir para o debate sobre a emergência da linguagem. A partir da análise da composicionalidade, da direcionalidade e do desenvolvimento de itens simbólicos, questiona-se se a criação linguística é inata ou resulta da plasticidade e da capacidade de resolução de problemas do cérebro humano. Observa-se que a língua CENA não passa por uma fase pantomímica, prevista pela hipótese da espiral expansiva de Arbib (2012), mas que é reformulada pela análise de Sandler (2013), que afirma que as LSEs começam o processo a partir de palavras. Em última instância, algumas propriedades centrais das línguas humanas ausentes em comunicação de animais são observadas logo no início da emergência da língua CENA. Entretanto, essas contribuições exigem cautela ao considerar potenciais diferenças entre um cérebro humano moderno e as remotas condições pré-homo sapiens.

 

Rodrigo Nogueira Machado (UFC)

O processo de empréstimos linguísticos na Libras: Modalidades e categorização

Este trabalho tem como objetivo descrever as diversas modalidades dos empréstimos linguísticos da Libras, com destaque para os empréstimos lexicais, ou seja, de unidades lexicais ocorridas entre língua falada, língua escrita, língua sinalizada e os gestos culturais em contato, a partir do estudo de modalidades de Meier (2004), Adam (2012), Quinto-Pozos e Adam (2015; 2020) e Nascimento e Daroque (2019); e empréstimos linguísticos de Sutton-Spence e Woll (1999), Brentari e Padden (2001), Carvalho (2009), Faria-Nascimento (2009), Machado (2016), Pêgo (2021) e Segala (2021). Para transformar uma classificação de modalidades dos empréstimos linguísticos da Libras, foi necessário analisar dados extraídos do Corpus de Libras dos Surdos de Referência, procurando entender a influência de diversas modalidades desses empréstimos linguísticos na Libras.